sábado, 12 de fevereiro de 2011

Textualizando

Hoje dirigi meu carro como quem toma as rédeas de um cavalo jovem. Tive a certeza que a estrada que tomei hoje foi trilhada pela primeira vez.  Sou mulher, mãe, forte, frágil e principalmente consciente dos meus limites.
Sei pouco da vida, mas sei mais de mim. As curvas do corpo se tornam menos sinuosas, mas o espírito está mais firme. Amanhã visitarei um Santuário e lá deixarei um agradecimento sincero à energia criadora que se move em mim e em tudo que nos cerca.
Cheguei até aqui construindo cada pedaço da minha história com linhas pouco firmes, outras horas usei cordões grossos. Sempre soube pouco de como foi feito o risco do meu bordado.
Sei que sou uma cuidadora, vim com essa característica. Tenho necessidade de afagar as pessoas, de envolvê-las e escutar seus silêncios.  Quando hajo assim, consigo ver com mais nitidez as pedras sobre as quais preciso pisar.
Trago em meu seio uma ânsia de ver para além das veredas ou ruas estreitas. Quero muito ler o mundo com os olhos da poesia, daquela poesia que consegue transformar o nada em enlevo.
Estou retomando aos poucos o contato com o texto, o texto que me escreve, o texto que me constrói como narrativa. Eu começo a contar de mim para poder mais cedo ou mais tarde tecer novos textos que contem de outros que brotam diante dos meus olhos e que ainda não sei narrar. Escrevo para conseguir um dia ficcionalizar. Não sei dizer se é cedo ou tarde, mas sei que havia a necessidade de dar os primeiros passos e como criança estou amaciando o chão, estirando o papel para me fazer palavra. 

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