domingo, 20 de fevereiro de 2011

Bahia: meu lugar no mundo

Toda depressão cava fundo o buraco do nosso peito, cavuca nossa alma e pergunta: onde está o nó? Onde está a resposta?
Sinto que as depressões que afundaram meu peito, apontavam todas para uma direção, a do sufocamento. Escondendo a minha baianidade intensa, o meu jeito de ser eu. Desde que o planalto se tornou minha casa, tentei apagar das minhas entranhas a minha casa original. Uma tentativa insana de sobreviver ao ar seco e à distância do mar, o mar que me trazia e me levava em cada arrebentação do medo.
Meus olhos seguiam o caminho do mar, lá eu abria meu peito e expulsava a dor de nunca saber quem eu era. No mar eu expurgava o amargor das minhas incertezas adolescentes. Com os olhos no mar eu tentava entender porque o silêncio me atordoava, porque as ruas cheias de gente e de cheiros pareciam estar desertas.
Eu sempre me guiei pelo mar, pelo bater das ondas e pouco me importava não ter raízes, porque a saudade que se delineava para além do horizonte me sufocava. Mas eu estava na minha Bahia. Quando a dor apertava eu comia acarajé e caminhava pelo corredor da Vitória. Cruzava os olhos com o transeunte anônimo e no mel dos seus olhos eu construía uma história de amor, sem palavras, mas com o coração palpitando.
Eu sabia muito pouco do mundo e muito pouco de mim, mas sabia do barulho do mar, sabia do vento que fazia a areia subir e arder os olhos.
Por muito tempo eu tentei me tornar alguém sem minhas pulseiras, meus brincos e meu batom cor de uva. Tive filhos, busquei amores e nada encontrei além do silêncio do cerrado.

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