quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O templo de Ártemis


Lá eu estava aquele dia e todo meu corpo tremeu diante da destruição que vi.
Seu altar caindo aos pedaços, suas sacerdotisas buscando água para apagar o fogo. Tudo ruindo ao meu redor e o medo me tomava. Medo de não ter para onde ir, medo de que a Grande Deusa se esquecesse de nós.
Todas as nossas porções, todas as nossas coisas perdidas para sempre. Meu vestido se arrastava sujo pelas escadarias e eu trazia pela mão uma das mais novas sacerdotisas do templo maior.
Todos na cidade assustados com o clarão que se abria.
Nos perderíamos no tempo? Nossa história ficaria esquecida?
Precisávamos manter o círculo, manter o contato e não desligar nossa rede.
Cada uma de nós passou pelo portal do tempo e mergulhou em momentos diferentes.
Precisamos nos reencontrar filhas da Grande Deusa. É chegado o momento.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Amanhecendo todos os dias.

Todas as manhãs o movimento é o mesmo. Abrir janelas, respirar o ar seco do cerrado e vibrar com o sol. Isso pode parecer um nada para quem é ainda jovem, mas quando atingimos a plenitude dos anos 40 e 50 temos um prazer imenso de estarmos vivas e pulsando.
Nosso corpo já reage diferente às emoções, aos impactos e temos consciência da importância desse veículo material.
Fico feliz sempre que sou abordada por pessoas de todas as idades e me chamam de "senhora" e ao mesmo tempo sorriem para mim afirmando que sou jovem. Agora mesmo estou escrevendo aqui e dançando com música baiana nos fones.
Sou feliz porque trago no corpo as marcas da minha história, das histórias que ouvi de outras mulheres que me formaram. Amo a liberdade de pensar, mesmo com todos os discursos que introjetei e incorporei ao meu.
Amando ou não, sou uma mulher que me projeto, que me lanço, porque tenho vida e tenho sonhos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Licença Creative Commons
A obra www.climaterioetereo.blogspot.com de Rita Sousa foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.

Refazendo caminhos...

Hoje se consolida a direção do meu caminhar sobre esta Terra. Os mergulhos para dentro de mim, fizeram-me perceber que o meu afastamento do caminho da luta pelos direitos da mulher me trouxe perdas, mas também construiu uma identidade mais definida do que que sou e para onde quero ir.
Já fomos queimadas em diversas fogueiras, já fomos perseguidas e já marchamos em diversas lutas e diversas frentes.
Ao ver o trabalho de diversas mulheres organizando a Marcha das Margaridas em 2011 entendi que a Marcha me trouxe de volta para o meu lugar. Sou mulher e me entendo como tal à medida que sou feminista e sou livre. Não me atrelo a nenhuma bandeira partidária em um primeiro momento.
Hoje reencontrei discursos e vi rostos que há muito cerram fileiras para que as novas gerações de mulheres possam ter cidadania. Não estamos sós, somos muitas e é chegada a hora de prepararmos as próximas gerações de mulheres e homens para continuarem construindo uma sociedade mais igualitária e justa.